Avança a obra de revitalização do Parque Ecológico Claudino Frâncio
Pai se desespera com diagnóstico de bebê hermafrodita
Hospital paulista confirma caso de criança com duas genitálias e pai reclama de atendimento
Quando Heloá Pereira Chiochio, 25 anos, deu à luz uma criança, no último dia 13, a alegria pelo nascimento foi acompanhada logo a seguir de momentos de desespero.
Ela e o marido, Roberval Moacir Chiochio, 27 anos, não esperavam receber a notícia bombástica vinda de um dos médicos da equipe, de que o bebê nasceu com genitália ambígua (órgão feminino e masculino).
Há, segundo tal diagnóstico, características de um indivíduo hermafrodita, que, em geral, passou por uma má-formação embrionária durante a gestação. Nesse caso específico, apesar de a criança ter uma vagina, ela também possui órgãos do aparelho reprodutor masculino, internalizados.
Segundo Chiochio, a informação chegou de maneira confusa. Ele está insatisfeito com o atendimento recebido pelo Conjunto Hospitalar do Mandaqui, localizado na capital paulista e pertencente ao sistema de saúde estadual. O pai não para de afirmar que está recebendo uma sucessão de explicações desencontradas vindas dos médicos da instituição.
— Primeiro me falaram que ela tinha um sopro; depois a informação foi de que a vagina estava inchada. Ouvi também um diagnóstico de que não havia definição. E depois uma médica me falou que o diagnóstico era de que ela tinha estas duas genitálias. Cada médico me falava uma coisa. Nem ligar para eles eu posso, não me deram o contato.
Chiochio se reveza com Heloá no acompanhamento da filha. Ele está irritado com a postura do hospital. Ele soube que o bebê passou por um exame inicial e que iria ter de esperar o resultado para poder deixar a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Mas, segundo ele, o estado geral do bebê é bom e ele não necessita ficar à espera do diagnóstico.
— Poderíamos esperar o resultado em casa. Ela está bem. Eu, minha esposa e minha sogra observamos a vagina e quase não reparamos em nada, há realmente um detalhe estranho, mas é mínimo. Estão fazendo pouco caso, era para haver a alta e ainda não houve.
Heloá fez todo o acompanhamento pré-natal com médicos particulares, mas o convênio não cobriu o parto. A surpresa veio quando a equipe médica não permitiu a alta da criança.
E mais. Chiochio diz que os médicos avisaram que ele não poderia registrar ainda o bebê, já que o sexo está indefinido. Segundo ele, toda a gestação foi normal, com todos os exames tendo sido realizados no período pré-natal. Eles apontavam que o bebê era uma menina.
Inseguro, o pai, que atua na profissão de arte finalista, quer retirar a criança do hospital, já que, segundo ele, há poucos profissionais para atender à demanda total. Chiochio teme que sua criança fique internada muito tempo no local. Ele ainda não quer falar sobre tratamento.
— Há oito casos à espera do mesmo exame e as crianças estão internadas há dois meses sem saber de nenhum resultado. Não há lei que me impeça de tirar minha criança daqui, já que não há necessidade dela ficar esperando tanto tempo no hospital. Quero esperar pelos resultados. Calmo e tranquilo eu não estou. E nem acostumado com a ideia.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde, de São Paulo, confirmou o diagnóstico. A instituição enviou comunicado ao R7ressaltando que o sexo do bebê não está definido ainda.
— A direção do Conjunto Hospitalar do Mandaqui informou que, como o bebê da paciente Heloá Pereira Chiochio nasceu com genitália ambígua, a unidade está realizando diversos exames para identificar o sexo do paciente.
Segundo a Secretaria, é necessário um tempo para uma definição, antes de a criança receber alta.
— Vale ressaltar que, por ser tratar de um recém-nascido, os exames, que são complexos e específicos, devem ser realizados dentro de um determinado espaço de tempo, conforme preveem os protocolos estabelecidos pela literatura médica. A previsão é que o sexo do bebê seja definido até a próxima semana.
A secretaria não se pronunciou a respeito da afirmação de que há carência de profissionais no Conjunto Hospitalar do Mandaqui e nem se há outros casos semelhantes naquele hospital.