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Juiz divide paixão entre magistratura e literatura
O magistrado passou pela Comarca de Sorriso e foi promovido para entrância especial em Rondonópolis
“A
vida de um escritor é pena em mão rumo ao infinito”, afirma o magistrado
Wanderlei José dos Reis, titular da Primeira Vara Especializada de Família e
Sucessões de Rondonópolis. Seis livros lançados, 88 artigos publicados e uma
biblioteca com aproximadamente 2,5 mil títulos deixam evidente a paixão do juiz
pela literatura. Um talento que foi despertado ainda na infância, quando o
menino Wanderlei descobriu o gosto pela leitura e pela poesia.
A
partir dos livros ele construiu e realizou sonhos, como o de ser escritor e o
de ser magistrado. Hoje, Wanderlei é juiz há quase 12 anos e ocupa a cadeira nº
5 da Academia Mato-grossense de Letras (AML) desde 2007. Doutor e
pós-doutorando em Direito, o juiz já atuou como professor de matemática,
militar de carreira no Exército, servidor da Justiça Federal e delegado de
Polícia em Mato Grosso.
Ingressou
na magistratura em 2003, na Comarca de Chapada dos Guimarães (a 67 km de
Cuiabá), após ser aprovado em 1º lugar no concurso. Passou pela Comarca de
Sorriso (a 420 km da capital), onde ficou por mais de oito anos, e foi
promovido para entrância especial em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá), no ano
de 2013. Ao longo dessa jornada, o juiz passou muitas madrugadas, fins de
semana e feriados dedicado a escrever.
“O
escritor tem que subtrair esse tempo do sono e da convivência familiar. É
preciso muito comprometimento, força de vontade, dedicação e disciplina.
Normalmente somos amigos das madrugadas e da solidão. Há sacrifício, não resta
dúvida. Mas os frutos da produção literária são gratificantes, pois, ao
ouvirmos elogios e agradecimento de leitores juristas, aos vermos citações de
nossas obras em julgados, nos enchemos de orgulho”, destaca.
O
primeiro livro de Wanderlei, ‘Direito Penal para provas e concursos’, foi
lançado em 2001, quando ele ainda era delegado em Cuiabá. Atualmente está na 4ª
edição e traz atualizações como a Lei do Feminicídio, publicada em março deste
ano. Escrito no formato de perguntas e respostas, o livro tem grande aceitação
entre os acadêmicos. A segunda obra, ‘Recursos Penais para exame de ordem’, e a
terceira, ‘Temas de Direito Penal para provas e concursos’, também são
destinadas ao mesmo público, formado por estudantes e concursandos.
O
quarto livro, ‘Toga e Pelerine’, foi inspirado nos bastidores da eleição para a
AML. Prefaciado pelo acadêmico e desembargador João Antônio Neto, o exemplar
traz a trajetória do magistrado no ingresso à academia, o discurso de posse,
poesias e homenagens recebidas na ocasião.
‘Diretoria
de Foro e administração judiciária’ é o quinto título de autoria do juiz, no
qual ele relata a experiência de ter sido diretor do fórum em Sorriso por seis
anos. “O livro é o único no país a tratar desse tema, sendo de grande valia
para os juízes substitutos que terão que exercer essa função logo ao chegarem
no interior”, pontua. Wanderlei dos Reis dará aula aos 26 novos juízes de Mato
Grosso sobre esse tema, em novembro, na Escola Superior de Magistratura
(Esmagis).
A sexta
e última obra de Wanderlei é ‘Tribunal do Júri – implicações da lei 11689/08’,
publicada em abril de 2015. O livro apresenta a experiência do juiz como
presidente de diversas sessões de julgamento em Chapada dos Guimarães. “É uma
análise aprofundada do júri enquanto órgão genuíno e democrático de
participação popular na administração da justiça, enfocando também as últimas
alterações legislativas”, salienta.
E
engana-se quem pensa que ele vai parar por aí. O sétimo livro, ‘Princípios
constitucionais’, já está no forno e deve ser lançado até o fim deste ano.
“Toda obra quando nasce tem uma história, um bastidor e uma importância. A cada
publicação, seja de artigo ou de livro, a sensação é maravilhosa. Fazer isso é
uma realização pessoal, a concretização de um sonho e de um projeto”, afirma o
juiz.
Para
Wanderlei, ser juiz escritor é algo muito especial. “Considero a magistratura
mais que uma vocação, um verdadeiro sacerdócio, que nos propicia uma
experiência inigualável assim como a literatura. Escrever também exige
dedicação e sacrifícios pessoais em prol do projeto literário que, afinal,
nunca acaba. Antes de encerrarmos um livro, já brotam ideias para outro, assim
é a vida do escritor”, finaliza o magistrado com mais obras publicadas no
Estado.