Em Brasília, prefeito participa de seminário que discute o uso de biodiesel
Testemunhas e servidora que descobriu irregularidade detalham fraudes em pagamentos
Foram quase três horas de questionamentos na primeira oitiva da CPI
Foram quase três horas de questionamentos na primeira oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores, que foi criada para apurar a denúncia de pagamentos duplicados de cirurgias por meio de decisões judiciais reutilizadas. Após descobrir as irregularidades, a Prefeitura denunciou o caso ao Ministério Público e tomou medidas administrativas internas.
Ex-secretário expõe descobertas
A Câmara decidiu ouvir primeiramente os primeiros a descobrirem o esquema. O ex-secretário de Saúde, Luís Fábio Marchioro, que pediu afastamento após o escândalo, prestou depoimento por uma hora e meia. Para ele, as suspeitas recaem sobre a ex-servidora Marilei Oldoni Dias, que era do departamento jurídico da saúde.
Marchioro disse que era Marilei quem fazia a seleção das prestadoras de serviços e supostamente favoreceu a escolha de empresas pertencentes à amiga dela, Samantha Nicia Rosa Chocair. “O processo judicial é pressuposto de três orçamentos e pego o mais barato. Essa empresa [Chocair] sempre fazia o valor mais barato entre aspas. Por isso que me chamava atenção e eu chamei a funcionária responsável pelo setor várias vezes, e questionei como ninguém consegue bater o preço deles, e ela dizia que não".
Em outro ponto do depoimento, Marchioro narrou como as irregularidades foram identificadas. “Era uma sexta-feira pela manhã e, trabalhando na secretaria, o Polesello (secretário de governo) me ligou pedindo para ir falar com o Sérgio Kokova (secretário de Fazenda). Lá, ele me recebeu na sala de reuniões, junto com a tesoureira do município. E me perguntou se eu havia mandado um rapaz com um pagamento de liminares, com notas para pagar. Eu disse que não. Ele disse que foi estranho, pois o rapaz ficou na porta insistindo que tinha que pagar, que o paciente estava na mesa de cirurgia e que se não pagasse iria morrer”.
Valor ainda será calculado
A segunda testemunha a depor na CPI foi o secretário de Fazenda, Sérgio Kokova. Porém, segundo ele, mesmo após quase um mês sobre a oficialização da denúncia ao MP, os valores pagos em liminares judiciais duplicadas ainda não foram calculados. "Como que eu vou ter certeza se determinada pessoa fez ou não o procedimento? Então, nós temos todos os valores elencados, já planilhados com nota fiscal, com cópia dos empenhos com tudo. O que está sendo feito agora é essa análise".
O secretário prevê que as investigações descubram exatamente o quantitativo de cirurgias feitas e em quais situações houve duplicidade de nomes para recebimentos indevidos.
Servidora detalhe suspeitas iniciais
A servidora Maria Borges Moraes testemunhou brevemente. Foi ela quem identificou indícios de irregularidades após o recebimento de três processos de liminares judiciais sem assinatura do secretário de Saúde.
Uma das solicitações era de um paciente que precisaria de cirurgia, mas foi descoberto que o procedimento do paciente já havia sido feito há dois anos. "Achei estranho, pois como o processo veio antes de o secretário assinar. Mas eu não recebi o documento em mãos, e nós não fizemos o pagamento dos três processos recebidos para vermos o que estava acontecendo e folheando o processo percebi que já tinha visto aquele nome antes e que havíamos pagado tais processos".
Presidente da CPI visa auditoria especializada
Para o presidente da CPI, Rodrigo Machado, as oitivas foram satisfatórias e futuramente deve ser contratada uma empresa para análise dos documentos referente ao caso para intensificar a investigação.
"No meu ponto de vista, teremos que ter auditoria com pessoas técnicas para que realmente a gente possa atestar documentos. Eu não tenho capacidade de atestar um documento, a veracidade dele ou não e, por isso, solicitei que seja contratada uma empresa realmente tenha experiência em CPI e auditoria”.
Saiba mais:
CPI das Liminares da Saúde inicia primeiras oitivas na Câmara de Vereadores
Sorriso: suspeitas de suposto desvio milionário se apresentam no MP
CPI das Liminares da Saúde define calendário de reuniões e primeiras oitivas
Ex-servidora supostamente envolvida em fraude na Saúde deve se pronunciar hoje
Câmara de Vereadores anuncia criação de CPIs para apurar pagamentos irregularidades no Executivo
Prefeito de Sorriso fala sobre saída de secretários e descarta perseguição ou articulação política
Marchioro descarta ter sido pressionado a pedir exoneração e nega participação em esquema
Após denúncias, secretário de Saúde e chefe da pasta de Cidade pedem exoneração do cargo
Pagamentos em duplicidade ultrapassam R$ 1 milhão, aponta secretário de Saúde
Prefeitura protocola pedido para que MP apure supostas irregularidades em pagamentos
Prefeitura investiga possíveis pagamentos para funcionários 'fantasmas' que ultrapassam R$ 500 mil
Sorriso: servidores da Saúde são afastados por pagamentos em duplicidade