Bruno França: “Ivan foi traído, emboscado e morto; versão de briga de bar era mentira
Justiça cassa prefeito de Brasnorte por compra de votos de indígenas; ex-delegado rival vibra
Ex-Delegado descarta concorrer em nova eleição
A Justiça Eleitoral anulou, nesta terça-feira (2), o mandato do prefeito de Brasnorte, Edelo Marcelo Ferrari (União Brasil), da vice Roseli Borges de Araújo Gonçalves e do vereador Gilmar Celso Gonçalves. A decisão do juiz Romeu da Cunha Gomes, da 56ª Zona Eleitoral, reconheceu abuso de poder econômico e compra de votos nas eleições de 2024 e determinou a realização de um novo pleito no município.
A ação, proposta pelo Ministério Público Eleitoral, apontou que cerca de 100 indígenas da etnia Enawenê-Nawê foram aliciados para transferir o título para Brasnorte. Em troca, teriam recebido transporte gratuito, dinheiro, combustível e até frangos congelados na véspera da votação. A diferença entre os candidatos foi de apenas 155 votos: Edelo conquistou 4.634 (50,85%) contra 4.479 (49,15%) do adversário Eric Fantin (PL).
Além da cassação dos diplomas, o magistrado declarou os três políticos inelegíveis por oito anos e ordenou a anulação dos votos obtidos por Gilmar Gonçalves. O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso deverá marcar uma eleição suplementar para os cargos de prefeito e vice.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Edelo disse ter recebido a decisão “com surpresa” e anunciou que recorrerá ao TRE-MT. “Continuaremos administrando Brasnorte, trabalhando pelo povo”, afirmou.
Já o ex-delegado Eric Fantin, segundo colocado no pleito, comemorou o resultado. “A Justiça tarda, mas não falha. Quem venceu essas eleições fomos nós, as pessoas honestas de Brasnorte”, declarou, embora tenha descartado disputar a vaga novamente: “Não poderei ser eu, mas acompanharei de longe”.
Fantin deixou a Polícia Civil em março, exonerado pelo governador Mauro Mendes após relatório que apontou incompatibilidade para o cargo e seis sindicâncias internas. Ele também esteve no centro de um escândalo envolvendo vídeo íntimo divulgado durante a campanha.
Com a decisão de primeiro grau, Edelo permanece no cargo até que o TRE analise o recurso que pode, ou não, ter efeito suspensivo. Caso a cassação seja mantida, a Corte eleitoral definirá a data da eleição suplementar; enquanto isso, a Câmara Municipal deve assumir a prefeitura interinamente. Partidos começam a discutir novos nomes: o PL, por exemplo, terá de buscar outro candidato após a desistência de Fantin.