Professor é preso em Sorriso dentro de escola suspeito de recrutar alunos para facção e ordenar tortura
A Polícia Civil prendeu em flagrante um professor da Escola Estadual Mário Spinelli, em Sorriso, sob a acusação de recrutar alunos para uma facção criminosa e ordenar a tortura de estudantes. A prisão aconteceu dentro da própria unidade escolar, após denúncias de alunos que afirmaram ter sido vítimas de um “salve”, um castigo aplicado por facções criminosas.
O delegado Bruno França, responsável pelo caso, explicou que a polícia foi procurada por vítimas em estado de desespero, relatando o ocorrido.
“Recebemos algumas vítimas, alunos dessa escola da rede estadual, alegando que haviam sido sequestrados e torturados em um ‘salve’ a mando de um professor. Isso nos surpreendeu, porque não é algo comum, mas as informações eram coerentes e detalhadas”, afirmou.
Segundo as investigações, o professor teria determinado o castigo contra os estudantes como retaliação, pois eles comentavam abertamente sobre sua ligação com a facção criminosa.
“Segundo os relatos, esse professor integra uma facção e atua recrutando alunos dentro da escola. Quando soube que alguns estudantes estavam falando sobre isso, ordenou que fossem levados até uma área verde e torturados”, explicou Bruno França.
A Polícia Civil apreendeu uma das suspeitas de envolvimento no crime – uma estudante da escola –, que confessou participação e revelou que agiu sob coerção do professor.
“Ela nos disse que foi obrigada a cometer o crime e que todos os alunos têm muito medo dele”, acrescentou o delegado.
Apesar da surpresa inicial da polícia ao ouvir as denúncias, o professor já era um velho conhecido das autoridades. Segundo Bruno França, o docente já havia sido investigado anteriormente, pois homicidas ligados a uma facção criminosa foram presos dentro de sua casa no início do ano.
“O primeiro homicídio do ano no Amazonas teve os autores presos na casa desse professor, aqui em Sorriso. Eles estavam escondidos lá, consumindo cocaína e maconha, e tinham a arma do crime, um revólver .357”, revelou o delegado.
Na ocasião, porém, não havia elementos jurídicos suficientes para que o professor permanecesse preso. No entanto, diante das novas denúncias, a Polícia Civil não teve dúvidas sobre a necessidade de agir rapidamente.
“Diante do que ouvimos das vítimas e das provas que colhemos, fomos até a escola Mário Spinelli e efetuamos a prisão em flagrante dentro da própria unidade”, afirmou.
O professor foi preso sob as acusações de integração em organização criminosa, sequestro e tortura. Ele optou por permanecer em silêncio e terá direito a um advogado.
A Polícia Civil seguirá com as diligências e a análise de provas, incluindo a solicitação de dados telemáticos, para aprofundar as investigações.
Bruno França expressou preocupação com o impacto do crime, destacando que o caso envolve não apenas vítimas de tortura, mas também adolescentes aliciados para o crime organizado.
“Aqui, todo mundo acaba sendo vítima. Tanto os menores que sofreram a tortura quanto os que foram recrutados para o crime ainda tão cedo. É uma situação extremamente grave e preocupante”, concluiu o delegado.