PM fez "devassa injustificada" na casa de defensor" em Sinop, aponta Associação
Leandro Pizarro foi detido neste domingo, após vizinhos denunciarem festa na casa onde ele mora
A Associação Mato-Grossense das Defensoras e Defensores Públicos (Amdep) saiu em defesa do defensor Leandro Jesus Pizarro Torrano, que foi detido na madrugada de domingo (25), em Sinop, após realizar uma festa com aglomeração em sua casa.
Segundo a associação, a Polícia Militar praticou "verdadeira devassa indiscriminada e injustificada" no imóvel. "Houve o ingresso da guarnição policial na residência e verdadeira devassa indiscriminada e injustificada nos ambientes do imóvel, cujas circunstâncias serão rigorosamente apuradas à luz do ordenamento jurídico, notadamente levando em consideração a natureza da ocorrência", diz trecho da nota.
Leandro foi detido após a PM receber denúncias sobre uma festa com música alta e grande quantidade de pessoas, em plena pandemia.
Conforme o boletim de ocorrência, 60 convidados estavam na residência. No entanto, a Ademp afirmou que o número era muito inferior.
Na casa, a PM ainda apreendeu uma pistola .380, da marca Glock, com registro vencido desde 2014, e uma porção de maconha na bolsa de uma das convidas.
Sobre as apreensões, a Amdep ressaltou que o defendor público desconhecia o fato da convidada estar com a droga na bolsa.
Com relação à arma, a associação explicou que os membros da Defensoria Pública têm porte assegurado por lei. De acordo com a Amdep, o registro vencido caracteriza apenas irregularidade administrativa.
No posicionamento, a Amdep também reforçou que Leandro não foi preso em flagrante e foi encaminhado à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi liberado em seguida.
"A ocorrência registrada junto a Delegacia de Polícia Judiciária Civil foi apenas de perturbação ao sossego, fato esse que demonstra, a princípio, que não houve a infringência de normas sanitárias ou de saúde por parte do Defensor Público Leandro Jesus Pizarro Torrano".
A associação classificou Leandro como um profissional "extremamente dedicado, com inúmeros trabalhos realizados em favor da população mais vulnerável".
"Sendo admirado por seus pares, de modo que essa ocorrência jamais terá o condão de ofuscar o brilhantismo de sua atuação dedicada e vocacionada", reforçou a Amdep.
Caso será investigado pela Justiça
O defensor público-geral, Clodoaldo Queiroz, informou que tomou conhecimento da ocorrência e reforçou que o registro da arma vencido constitui irregularidade administrativa.
Queiroz também ressaltou que a droga encontrada na bolsa de uma das convidadas não tem relação com Leandro.
"A casa do defensor foi objeto de minuciosa revista, e não foi encontrado nada que constitua crime na residência", afirmou o defensor público-geral.
De acordo com a Defensoria Pública, o caso da aglomeração em meio a pandemia será tratato pela Justiça e que os fatos não possuem relação com a conduda profissional de Leandro.
Festa com aglomeração
Ao MidiaNews, o defensor público assumiu que realizou uma festa na casa onde mora, mas que o decreto municipal permite eventos com até 50 pessoas. De acordo com ele, haviam 33 convidados na residência.
Para Leandro, muitos fatos registrados em BO pela Polícia Militar ainda precisam ser esclarecidos.
"O maior infortúnio, realmente, foi a pertubação ao sossego dos vizinhos. A PM chegou de forma bastante truculenta, vistoriaram minha casa inteira, que está totalmente revirada", disse.
O defensor contou que ficou abalado com a repercussão do caso, que pode acarretar em consequências em sua trajetória profissional.
Leandro afirmou que foi agredido com dois tapas no rosto pelos policiais.
"O BO tem fatos totalmente controvertidos. Não sei se é perseguição, porque na nossa atuação é possível que aconteça. Mas isso acabou sendo veiculado na maior parte dos noticiários. Está acabando com toda minha carreira e histórico de atuação na Defensoria Pública", disse.