Mãe adotiva e padrasto acusados tentar matar garota em Sorriso são condenados a mais de 10 anos de prisão
Meire Melo poderá recorrer em liberdade enquanto Marcos Dornas continuará detido
Meire Maria Pereira Santos Melo, mãe adotiva de uma garota de 12 anos que foi vítima de uma tentativa de homicídio, em Sorriso, e o padrasto acusado do crime, Marcos Medina Dornas, foram condenados pela Justiça.
A mãe adotiva, acusada de assistir ao crime passivamente, foi condenada a 14 anos de reclusão. Ela poderá recorrer em liberdade. Já o marido dela, Marcos Dornas, acusado de tentar matar a enteada enforcada com o fio de ventilador, foi condenado a 13 anos de reclusão por crime quadruplamente qualificado. Ele segue detido.
Meire esteve na audiência, que perdurou 5 horas, enquanto o marido participou por meio de videoconferência. De acordo com o promotor de Justiça Luiz Fernando, a decisão do Tribunal do Júri foi "justa e adequada" proporcional à gravidade da conduta praticada, uma tentativa de homicídio em ambiente doméstico familiar.
O promotor frisou que o conselho de sentença apreciou as provas, os debates, bem com as teses, e descartaram o crime de tentativa de suicídio, ou seja, que a menina não tentou se matar, conforme a mãe adotiva e o padrasto alegaram.
"Todas as provas são robustas que comprovaram a tentativa de homicídio. O padrasto, com o fio de ventilador, teria asfixiado e provocado enforcamento após a menina ter mexido numa caixa de Dvds do padrasto, sob a presença da mãe, que em vez de amparar, assistiu passivamente cantarolando hinos evangélicos enquanto a filha quase morria asfixiada".
Outro lado
O advogado de defesa do padrasto da menina de 12 anos, Marcos Rogério, disse à imprensa que a sentença foi exacerbada com relação às provas.
"A defesa está muito tranquila, vamos interpor o recuso e vamos anular esse júri. A acusação falava que havia ocorrido a tentativa de homicídio. Mas há prova no processo de tentativa de suicídio. Vamos trazer a nulidade desse processo por força da prova. Estamos muito tranquilos de que vamos reverter essa decisão".
O caso
De acordo com o promotor de Justiça Luiz Fernando, a tentativa de homicídio ocorreu no dia 30 de agosto de 2017. A vítima, de 12 anos, ficou meses internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da capital.
O delegado que esteve à frente das investigações, André Ribeiro, relembrou que, na época, a mãe adotiva e o padrasto alegaram que a garota tinha tentado suicídio com o fio de um ventilador. Porém, assistentes sociais, enfermeiros e outros profissionais relataram desconfiança sobre a versão contada pela família à Promotoria de Justiça da Infância.
Acompanhada por psicólogos em Sorriso, somente em maio de 2018 a vítima teve coragem para denunciar que foi enforcada com um fio do ventilador pelo padrasto. Saiba mais aqui.