Jornalista que contraiu Covid-19 diz que dores são muito fortes
Júlia Milhomem, de 33 anos, teve 25% do pulmão tomado pela doença
A jornalista Júlia Milhomem, de 33 anos, moradora de Cuiabá, foi internada, há duas semanas, com o diagnóstico da Covid-19. Ela teve o resultado do exame no dia 15 de maio. Nesta segunda-feira (1º), Júlia passa pelo último dia de quarentena monitorada pela Saúde, já com o resultado de um novo exame que aponta que ela está curada da doença. Além da jornalista, a irmã, o marido e o pai também foram infectados. Ela conta a dificuldade que passou durante os estágios da doença.
"Os primeiros sete dias foram os piores. Eu passava muito mal, tinha febre altíssima, delirava, não tinha forças nem pra levantar. A dor não passava. Minha cabeça doía e eu não conseguia abrir os olhos ou sequer me levantar para chamar o Samu", lembra.
Durante a pandemia, a jornalista e o marido dela continuaram trabalhando em casa, tomando todas as medidas preventivas necessárias. Além disso, eles se restringiram a ir apenas aos locais de serviços essenciais, como o mercado ou a farmácia.
Mesmo assim, os dois foram contaminados pelo coronavírus.
"Acreditamos que a primeira a pegar a doença foi a minha irmã e logo depois eu peguei, mas não sabemos exatamente como foi. A contaminação é muito rápida e pouco tempo foi suficiente para todos em casa serem infectados", conta.
Esta segunda-feira (1º) é o último dia de quarentena da jornalista, durante o monitoramento da doença. No entanto, ela explica que o vírus trouxe muito medo.
"Eu sentia medo de transmitir a doença para a família ou para os amigos. Tinha medo de abri um site no outro dia e saber que alguém que eu conheço morreu porque eu passei o vírus para ele. Senti medo até do que as pessoas iriam dizer," explica.
Além disso, Júlia ficou isolada durante os últimos catorze dias. Neste período, a filha dela, que tem um ano de idade, está sendo cuidada pela avó. "Eu sinto falta, quero abraça-la, beija-la, mas tenho medo. Agora, o mais importante é ficarmos bem."
Após a primeira semana do contágio, ela conta que perdeu o olfato e o paladar e não conseguia comer. Segundo os médicos, o vírus já tinha infectado 25% do pulmão dela.
O pai da jornalista, de 68 anos, também foi infectado e está internado, até esta segunda-feira (1º), em um hospital de Cuiabá. Pela idade dele e por ter hipertensão, o idoso faz parte do grupo de risco. Isso levou a família a redobrar os cuidados.
Sobre os sintomas, Júlia conta que as dores eram muito fortes. "A dor no corpo é o dobro da que sentimos quando pegamos dengue. A dificuldade respiratória é duas vezes pior que quando pegamos pneumonia. A tosse, a febre.. tudo é o dobro do que a gente já conhece."
O novo resultado do exame saiu nesta segunda-feira (1º) e apontou que a jornalista está curada. Ainda sim, ela segue aguardando a melhora do pai e o fim da quarentena do marido, que ainda está em isolamento. Júlia explica que o medo não passou.
"Eu quase morri, fui entubada, vi meu pai ser internado, vi meu marido delirar de febre, minha irmã sofrer... as pessoas precisam saber que isso é sério. Ontem, a doença estava lá na China, hoje ela está dentro da minha casa. E não é só uma 'gripezinha', é algo muito sério", conclui.