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Relatório aponta participação de produtores de Mato Grosso na mobilização de atos de 8 de Janeiro
Um relatório divulgado nesta semana traz à tona informações sobre a participação de empresários ligados ao setor do agronegócio de Mato Grosso na mobilização de atos realizados em Brasília, entre o final de 2022 e o início de 2023, que culminaram nos episódios do dia 8 de janeiro. O documento, de caráter técnico e utilizado como subsídio para investigações em andamento, detalha nomes, movimentações financeiras e a atuação de grupos organizados durante o período.
Segundo o relatório, entre os envolvidos está o ex-presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, apontado como uma das principais lideranças do movimento Brasil Verde e Amarelo. Ele já era investigado desde 2021 por incentivo a manifestações consideradas antidemocráticas. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já havia relacionado o nome de Galvan a ações de financiamento e apoio logístico a bloqueios de rodovias.
Outra família citada no documento é a Bedin, tradicional no agronegócio mato-grossense. Dez membros do grupo familiar aparecem como proprietários de caminhões encontrados no entorno do Quartel General do Exército, em Brasília, onde ocorreram acampamentos e ações de apoio aos protestos.
Argino Bedin, figura central do grupo, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro, ocasião em que permaneceu em silêncio. O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), encaminhado à CPMI, indicou movimentações financeiras expressivas entre 2021 e 2022. A filha de Argino, Roberta Bedin, movimentou cerca de R$ 19,6 milhões no período, enquanto o próprio Argino somou R$ 1,9 milhão. O relatório aponta que parte desses valores teve origem não identificada.
Outros nomes citados no documento são Luciano Bedin, que teria feito depósito de R$ 60 mil ao então presidente da República, além de Rafael, Nilson, Ary Pedro e Evandro Bedin, além de Cristiane e Ângela Maria Bedin, estas últimas sócias da empresa Sorriagro Insumos Agrícolas.
O documento não configura sentença ou condenação, mas foi incorporado aos processos investigativos que apuram a organização, financiamento e logística dos atos de 8 de janeiro. Parte dos investigados ainda não responde a ações penais concentradas no Supremo Tribunal Federal.
A abertura da fase de alegações finais no processo principal sobre os atos reforça o andamento das apurações. O Supremo Tribunal Federal ainda deverá decidir, com base nesses e outros elementos, quais nomes serão formalmente denunciados ou excluídos do processo.