Adolescente bate BMW em rotatória durante fuga da polícia em Sorriso
Cresce 280% número de negros mortos no Estado
Dados foram revelados pela Mapa da Violência
O Mapa da Violência, do pelo Ministério da Justiça revelou que o número de negros mortos por arma de fogo entre os anos de 2003 e 2012 cresceu 280% em Mato Grosso, que passou de passou de 21,4% para 81,3%. Em contrapartida, o índice de pessoas brancas reduziu em 20,8%.
A pesquisa usa dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que registra as declarações de óbito expedidas em todo o país. Para determinar o corte racial das vítimas de arma de fogo, o estudo considera as opções dadas pelos entrevistados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), branca, preta, parda, amarela ou indígena, na elaboração dos censos demográficos.
O Mapa da Violência compreende o intervalo entre 1980 e 2012, mas a classificação das mortes por arma de fogo conforme a cor da pele começou a ser realizada a partir de 2002. De acordo com o estudo, 42.416 pessoas morreram em 2012 vítimas de arma de fogo, o que corresponde a 116 mortes por dia ou quase cinco a cada uma hora.
Destas, 40.077 foram resultados de homicídio, sendo que 28.946 eram negros e 10.632, brancos. A diferença nos números mostra que as vítimas desse tipo de morte foram 2,5 vezes mais de negros do que de brancos. Os números poderiam ser ainda piores, caso não existisse o Estatuto do Desarmamento, assunto que está novamente em debate no Congresso Nacional este ano. O levantamento diz que 160.036 pessoas tiveram suas vidas poupadas graças ao controle de armas que existe no país.
A maioria das vidas estimadas pertence aos jovens (113.071), notoriamente as maiores vítimas da violência no Brasil. O estudo mostra que, logo no primeiro ano de vigência do Estatuto do Desarmamento, em 2003, a tendência de crescimento (7,2%) resultou na realidade em uma queda de 8,2% no número de óbitos por armas de fogo. A conclusão é que, só em 2012, 31.041 vidas foram poupadas graças ao estatuto, sendo a maior parte entre os jovens de 15 e 29 anos.
Em Mato Grosso foram somadas 6.174 mortes causadas por arma de fogo entre 2002 e 2012, sendo que o pico de homicídios ocorreu no último ano citado. Destas, 1.995 ocorreram na Capital, que foi na contramão do Estado, registrando o maior número de mortes em 2002, quando 208 pessoas morreram.
Empregada doméstica, Elivanea Rocha, 38, é mãe de um jovem negro que faz parte das estatísticas de morte por arma de fogo. Evangélica, ela diz que apesar de acreditar nos mandamentos de Deus, não consegue aceitar a morte do filho. “Ele era entregador de água e gás e foi morto por policiais, que disseram ter confundido ele com um ladrão que havia assaltado um comércio próximo de onde ele realizava uma entrega. Mas, eu fui até o local e não tinha nenhum comerciante reclamando de assalto”.
Ela acrescenta que o filho, Marcos Rocha de Oliveira, 19, não tinha nenhuma passagem pela polícia e foi morto porque era negro. O crime aconteceu em dezembro de 2011, véspera de Natal. Não é a primeira vez que Elivanea enfrenta uma morte por arma de fogo na família. Dois anos antes do filho ser morto, ela perdeu o irmão, que foi atingido por uma bala perdida durante uma troca de tiros, entre policiais e bandidos, no Rio de Janeiro. “Era a primeira vez que ele saia de Cuiabá e que viajava de avião, juntou dinheiro durante um ano todo para conseguir passar as férias no Rio. Infelizmente, foi uma viagem sem volta”. Elivan Andrade Rocha era auxiliar de limpeza e tinha 28 anos.