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Megaoperação da Polícia Civil desarticula facção criminosa que tentava dominar região de Sorriso
Uma força-tarefa liderada pela Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã de quinta-feira (3) a Operação Yang, contra uma facção criminosa altamente estruturada que buscava expandir suas ações na região de Sorriso, após o enfraquecimento de um grupo rival desarticulado em 2023. Ao todo, foram expedidas 27 ordens judiciais, incluindo 21 mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e três quebras de sigilo.
A ação é fruto de investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), em parceria com a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e a Delegacia de Sorriso, com apoio de forças policiais de outros estados. Os alvos estão distribuídos em cidades de Mato Grosso, como Sorriso, Nova Canaã do Norte, Cáceres e Várzea Grande, além de municípios do Maranhão, Pará, Paraná e São Paulo.
Segundo o delegado da GCCO, Antenor Pimentel, a operação é uma resposta direta à tentativa de reorganização do crime na região. “Com a desarticulação da antiga facção na Operação Recovery, outro grupo criminoso viu a oportunidade de ocupar o vácuo. Atuamos de forma estratégica para impedir essa nova ocupação violenta”, explicou.
De acordo com as investigações, a facção alvo da operação possuía uma organização interna similar à de empresas, com cargos hierárquicos e divisão clara de funções. Títulos como “Geral do Estado”, “Disciplina”, “Coringa Geral” e “Missionário” faziam parte da cadeia de comando. Uma lista denominada “Tabuleiro de Numerada” era utilizada para controlar integrantes, tarefas e registros de atuação, facilitando a comunicação e a obediência às ordens superiores.
A linguagem codificada também era amplamente empregada pelos membros. Expressões como “ferros” (armas), “lixos” (rivais) e outras gírias internas indicavam a operação clandestina da facção, que envolvia tráfico de drogas, execuções, sequestros e ameaças a desafetos. Vídeos de assassinatos eram compartilhados entre os membros como forma de exaltação e intimidação.
A tentativa de expansão da facção para Sorriso, considerada estratégica pelo crime organizado, foi intensificada após o enfraquecimento da liderança anterior na região. A Operação Yang é uma continuidade direta da ofensiva do Estado para impedir o avanço das organizações criminosas. As ordens judiciais foram expedidas pela 5ª Vara Criminal de Sinop.
Além das unidades da Polícia Civil de Mato Grosso, participaram da operação forças de elite de outros estados, como o DEIC de São Paulo, o COPE do Paraná, a Draco do Pará e do Maranhão.
Segundo o delegado Antenor Pimentel, a operação não apenas impede o fortalecimento da facção como também reforça o comprometimento do Estado com a segurança pública. “A maioria dos alvos já estava presa, o que reforça a atuação firme das forças de segurança durante o auge da guerra entre facções em Sorriso. Agora buscamos ampliar as penas desses criminosos e prolongar seu tempo atrás das grades. O recado é claro: quem desafiar o Estado terá resposta à altura”, afirmou.
O nome Operação Yang faz alusão à luz e à ação, simbolizando a resposta firme do Estado contra a atuação sombria das facções criminosas. A ação integra a estratégia da Polícia Civil dentro da Operação Inter Partes e do programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, que tem intensificado o enfrentamento ao crime organizado em todo o estado.