Dois homens são presos por venda ilegal de armas de fogo em Sorriso
PM e ex-PM são presos suspeitos de envolvimento na morte de Marielle e Anderson
Força-tarefa afirma que o policial reformado Ronnie Lessa atirou contra a vereadora e que o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz dirigia o carro que perseguiu Marielle
Policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro prenderam, por volta das 4h30 desta terça-feira (12), o policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. A força-tarefa que levou à Operação Lume aponta que eles participaram dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O que diz a denúncia
Ronnie Lessa é o autor dos 13 disparos que mataram Marielle e Anderson; ele estava no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da vereadora. Ele foi preso em casa, num condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca;
Élcio Vieira de Queiroz dirigiu o Cobalt. Ele foi pego também em casa, na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.
A investigação ainda tenta esclarecer, no entanto, quem foram os mandantes do crime e a motivação.
Segundo informações obtidas pelo G1, Ronnie estava saindo de casa e estava prestes a fugir quando foi preso. Ele e Élcio não resistiram à prisão e nada disseram aos policiais.
A Operação Lume realiza ainda 32 mandados de busca e apreensão contra os denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munição e outros objetos. Durante todo o dia, haverá buscas em dezenas de endereços de outros suspeitos.
Após a prisão de Ronnie, agentes fizeram varredura no terreno da casa dele e encontraram armas e facas. Detectores de metais vasculhavam o solo, e até uma caixa d'água foi vistoriada.
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia, acrescentando que a barbárie praticada na noite de 14 de março do ano passado foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.
'A mando de quem?', questiona Freixo
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse que, apesar das duas prisões, o caso "não está resolvido". Amigo de longa data, ex-chefe e correligionário de Marielle, Freixo questionou: "A mando de quem?".
"São prisões importantes, são tardias. É inaceitável que a gente demore um ano para ter alguma resposta. Então, evidente que isso vai ser visto com calma, mas a gente acha um passo decisivo. Mas o caso não está resolvido. Ele tem um primeiro passo de saber quem executou. Mas a gente não aceita a versão de ódio ou de motivação passional dessas pessoas que sequer sabiam quem era Marielle direito", disse, em entrevista ao G1 e ao Bom Dia Rio.
Três meses de pesquisas
Ronnie foi levado para a Divisão de Homicídios do Rio por volta das 4h30. De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses. O atentado completa um ano nesta quinta-feira (14).
A investigação aponta que Ronnie fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem também que desde outubro de 2017 o policial também pesquisava a vida de Freixo.
Ronnie também teria feito pesquisas sobre o então interventor na segurança pública do Rio, general Braga Netto. Lessa também fazia pesquisas na internet sobre a submetralhadora MP5, que pode ter sido usada no crime.
A polícia também afirma que Ronnie usou uma espécie de "segunda pele" no dia do atentado. A malha que cobria os braços serviria, segundo as investigações, para dificultar um possível reconhecimento. Saiba mais.