Homem que matou a ex-companheira em Peixoto de Azevedo, a facadas na frente dos filhos, é preso.
Nadaf devolve só 14% dos R$ 115 milhões desviados de MT
O levantamento levou em consideração 6 ações criminais
Responsável por um rombo de R$ 115 milhões nos cofres públicos, o ex-secretário da Casa Civil do governo Silval Barbosa, Pedro Nadaf, devolverá apenas R$ 17 milhões, segundo compromisso firmado em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), em outubro de 2017. O levantamento feito pelo jornal A Gazeta para mais uma matéria da série de reportagens denominada O Crime Compensa? mostra que, a exemplo de seu ex-chefe Silval Barbosa, Nadaf devolverá um valor muito menor se comparado àquele que ajudou a subtrair do erário. Isto porque o político devolveu apenas 14% do que teria extraído em dinheiro público.
O levantamento levou em consideração 6 ações criminais específicas promovidas pelo Ministério Público de Mato Grosso, que tratam de crimes que tiveram a participação direta de Nadaf. Desde que firmou a delação, o ex-secretário está mais ‘protegido’, uma vez que recebeu a promessa do Ministério Público Federal de pleitear a redução da sua pena. Nestas 6 ações analisadas, Nadaf participou do desvio de R$ 115,1 milhões.
Crimes e sigilo
O levantamento também não levou em consideração os números revelados pela delação premiada do próprio Pedro Nadaf.
Apesar dos valores a serem ressarcidos já terem sido revelados pela imprensa no final de 2017, a Justiça nunca liberou o sigilo sobre o processo.
O que se sabe, até o momento, é que Nadaf relatou 48 crimes cometidos pela organização criminosa da qual participava. A maioria destes relatos estão na Sétima Vara Criminal de Cuiabá, sob os cuidados da juíza Ana Cristina Mendes.
* No primeiro caso, o Ministério Público narra o desvio de R$ 7 milhões através da compra de uma área que pertencia a Filinto Corrêa da Costa para ser anexada ao Parque Estadual Águas do Cuiabá.
* No segundo, a desapropriação do bairro Jardim Liberdade provocou um rombo de R$ 15 milhões.
* Também por conta da compra de terras, desta vez no lago do Manso, o desvio foi de R$ 7 milhões.
* No quarto caso, o empresário João Batista Rosa teria pago R$ 2,5 milhões em propina para que continuasse a receber incentivos fiscais do governo.
* Também por conta da concessão de benefícios, mas para frigoríficos da JBS, Nadaf auxiliou em um esquema que produziu um rombo de R$ 75 milhões.
* E, no sexto caso, o ex-secretário foi responsável por um prejuízo de R$ 10 milhões ao governo quando comprou, de maneira irregular, livros da gráfica Intergraf E.G.P da Silva ME.
O comerciante
Filho de um imigrante libanês, que se estabeleceu em Cuiabá a partir de 1948, o jovem empresário contava com a sorte de pertencer a uma família já considerada tradicional na cidade. Assim como o pai, presidiu a Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio), porém, diferente dele, Pedro fez da prática comercial uma mera passagem, para que pudesse, enfim, chegar ao seu objetivo maior: a política.
"O que atrapalhou o Pedro Nadaf foi o seu ego, ele tinha o ego muito grande, uma vontade muito grande de fazer tudo o que desejava", conta um membro do governo Silval Barbosa, que trabalhou com o ex-secretário e pediu anonimato ao falar com a reportagem.
Mas ninguém poderia supor que, aquele jovem empresário, afeito a realizar palestras ‘motivacionais’ nas associações de comércio do interior do Estado, poderia deixar o ramo em que nasceu para ingressar no Palácio Paiaguás.
"Ele não gostava de política, evitava ao máximo falar sobre o assunto", comenta alguém que conheceu o jovem empresário no final dos anos 90, quando Nadaf se tornava liderança no setor.
Aos poucos, ele foi se aproximando do governo, em um processo descrito por muitos como "natural". Como a Fecomércio realizava convênios com o poder público, principalmente para a formação de mão de obra, o contato foi aumentando. Assim, em 2007, ele se tornava secretário de Estado de Turismo do último governo Blairo Maggi. Enxergando a capilaridade de Silval Barbosa, o secretário é atraído pelo vice por um processo descrito por muitos como pura "osmose". Saiba mais.