Mãe improvisa casa às margens de córrego para morar com os 3 filhos após despejo
Casa é feita com madeira, chapas de alumínio e outros materiais improvisados
Uma mãe de 40 anos está vivendo com os três filhos, de 5, 8 e 10 anos, em uma casa improvisada às margens de um córrego no Bairro Serra Dourada, em Cuiabá. Edlaine Garcia Gonçalves era moradora do Residencial Jonas Pinheiro 3, região do Bairro Altos da Glória, em Cuiabá, e foi despejada do local no dia 6 deste mês após uma operação de reintegração de posse.
A Prefeitura de Cuiabá afirmou que deu assistência à família após o despejo e que ofereceu à Edlaine o aluguel social. No entanto, ela teria recusado.
“A Secretaria de Habitação entrou em contato via telefone para informá-la que teria direito ao aluguel social, a mesma recusou. Nós como Equipe técnica do programa Siminina, demos toda assistência possível a família da senhora em questão”, afirmou.
Edlaine contou ao G1 que o terreno onde está vivendo foi ganhado e que a casa é feita com madeira, chapas de alumínio e outros materiais improvisados.
No local, não tem energia e nem água encanada. Uma amiga de Edlaine, que mora próxima ao terreno, é quem está dando água à família e dividindo a rede elétrica.
“Achei que tinha uma casa, mas veio a dor da perda. Dói só de lembrar quando pediram para sair. Foi difícil ver meus filhos com fome e com sede, sem saber o que fazer. Fiquei duas noites sem poder dormir e sem saber para onde ir”, relatou.
Segundo a moradora, ela vivia com os filhos em uma casa emprestada e depois se mudou para o Residencial, onde viveu por um ano e sete meses.
“Chorei muito quando soube que teria que deixar a casa. Tenho parentes, mas eles não podem me ajudar, pois vivem na mesma situação que eu. Eles moram de aluguel e têm filhos para criar”, contou.
Edlaine afirmou que está vivendo de doações, pois não pode trabalhar. Ela relatou que o filho de 5 anos tem problemas cardíacos e precisa de cuidados.
“Não é porque não quero trabalhar, mas sim porque tenho meu filho para cuidar. Pelo menos nesse lugar ninguém vai me tirar. Vou poder construir aos poucos e lutar pela felicidade da minha família”, ressaltou.
A mãe disse que precisa de ajuda para comprar alimentos, roupas e materiais escolares aos filhos. “Preciso de tudo, inclusive roupa e comida para as crianças”, afirmou.
Famílias despejadas
Além de Edlaine, outras 19 famílias foram retiradas do Residencial no dia 6 deste mês.
Segundo a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, a ação de reintegração de posse foi pedida pela empresa responsável pela construção do residencial na 2ª Vara Cível do Poder Judiciário de Mato Grosso.
Ficou determinado judicialmente que a prefeitura providencie aluguel social para 20 famílias que serão retiradas do local.
Este número foi determinado pelo magistrado com base em pesquisa socioeconômica, realizada por assistentes sociais do Município de Cuiabá e do Poder Judiciário.
Em nota, a prefeitura informou que todo o processo do Residencial Jonas Pinheiro 3 é realizado de acordo com as diretrizes do Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal, portanto de responsabilidade orçamentária Federal.
A pasta recorda que o deficit habitacional é uma realidade nacional e atinge cerca de 50 mil pessoas em Cuiabá.