Foragido por homicídio é preso em Lucas do Rio Verde pela PRF e PJC
Juíza proíbe ex-bicheiro de vir para Cuiabá antes do julgamento
João Arcanjo pediu para vir dois dias antes para conversar com advogado; júri será no dia 10
A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, negou pedido do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que pretendia ser transferido para uma unidade prisional de Cuiabá ou Santo Antônio do Leverger, pelo menos dois dias antes do Júri ao qual será submetido, na próxima quinta-feira (10).
Arcanjo, que está detido em uma penitenciária de segurança máxima de Porto Velho (RO), será julgado sob a acusação de mandado matar os empresários Fauze Rachid Jaudy Filho e Rivelino Jacques Brunini, e pela tentativa de homicídio contra Gisleno Fernandes.
Os crimes ocorreram em junho de 2002, na Avenida. Historiador Rubens de Mendonça, em Cuiabá.
No pedido, Arcanjo alegou que precisava chegar em Cuiabá com antecedência, a fim de ter tempo hábil para conversar com seu advogado, Zaid Arbid, antes do julgamento.
Ele solicitou a transferência para o Presídio Militar de Santo Antônio do Leverger (27 km ao Sul da Capital) ou, caso não fosse possível, que ficasse em algum presídio de Cuiabá, isolado dos demais presos.
A justificativa do ex-chefe do crime organizado do Estado é de que ele já atuou como policial civil e, desta forma, seria “preocupante” deixá-lo junto com os demais presos.
“Mesmo tendo perdido a condição de policial, deve ser mantido isolado dos demais detentos e o único local que cumpre tal exigência legal é o Presídio Militar de Santo Antônio do Leverger. Não sendo possível, que a Secretaria de Segurança Pública seja instada a designar um estabelecimento prisional que ofereça o pretendido isolamento do acusado”, diz trecho do pedido.
Os pistoleiros acusados de praticarem os homicídios e a tentativa de homicídio - ex-policial militar Célio Alves de Souza, 49, e o uruguaio Júlio Bachs Mayada, 65 – já foram condenados, no final de julho deste ano, a 46 anos e 10 meses e 41 anos de reclusão, respectivamente.
Em cima da hora
Ao negar o pedido, a juíza Mônica Perri informou que faltam poucos dias para a data do Júri e, por isso, não há como autorizar o recambiamento de Arcanjo.
“Todas as providências já foram tomadas pelos órgãos competentes (Depen e PFPV), que com a devida antecedência traçaram a logística adequada para a transferência do acusado (fls. 7981), na qual não compete a este Juízo intervir”, explicou.
Ela ainda observou que Arcanjo já falou três vezes com o seu advogado, na penitenciária em Porto Velho, e que terá a oportunidade de consultar o profissional novamente antes do julgamento “assegurando-se, pois, a ampla defesa”.
Os crimes
Rivelino, Fauze e Gisleno foram alvejados no dia 5 de junho de 2002, em frente a uma oficina mecânica, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), na Capital.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Rivelino Brunini era o alvo e Fauze Rachid morreu porque o acompanhava.
Gisleno Fernandes também estava com as vítimas. Confundido com um segurança, ele foi alvejado, mas não morreu.
Consta na denúncia do MPE que a morte de Rivelino foi determinada por Arcanjo, diante da rebeldia da vítima em relação ao esquema de máquinas de caça-níqueis em Mato Grosso.
O empresário e radialista também fazia parte do esquema e estaria, tentando, juntamente com pessoas do Rio de Janeiro, tirar o poder do ex-Comendador.
O MPE aponta que o comando para que o empresário fosse morto foi dado a Júlio Bachs e Frederico Lepeuster, que intermediaram a contratação de Célio e Hércules para o trabalho de pistolagem.
“Em todos os homicídios, com características de crime de mando, envolvendo a chamada pistolagem, foram utilizadas armas de grosso calibre, sendo certo que as cápulas encontradas nos locais das execuções foram consideradas compatíveis por exames periciais, apontando que os homicídios partiram de um mesmo grupo executor e, possivelmente, do mesmo mandante”, diz trecho da denúncia.
Ao todo, cinco pessoas foram acusadas pelos crimes. O quinto suspeito, o ex-coronel PM Frederico Carlos Lepeuster, morreu em setembro de 2007, vítima de câncer.