Números da Conab prejudicam a renda do produtor, afirma presidente da Aprosoja-MT
Mato Grosso promoveu diversas ondas de calor e longos períodos de estiagem na safra de soja 2023/24, que influenciaram diretamente na produtividade da oleaginosa. Pesquisas feitas pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e Aprosoja Brasil apontam uma redução de mais de 20% no Estado e de mais de 12% em todo país.
Apesar dessa percepção de quebra expressiva, colhida por meio de pesquisas com os produtores, os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estão defasados, apontando um “recorde de safra” no País, em 155 milhões de toneladas. Para o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, a imprecisão dos dados oficiais tem prejudicado os agricultores.
Isto porque os números que mais refletem no mercado são os da Conab, pois são os números oficiais, apesar dos levantamentos das Aprosojas e de outras consultorias privadas direcionadas para outro cenário. “ No campo, todos os produtores discordam desses números da Conab e se mostram até revoltados, pois têm muito prejudicado a renda do agricultor ”, afirma Lucas.
Em seu último levantamento, divulgado no dia 10 de janeiro, a Conab ainda indicou uma safra de 155 milhões de toneladas, 0,4% superior à produção alcançada na temporada anterior. Por outro lado, pesquisas feitas pela Aprosoja Brasil, junto com as demais Aprosojas, apontam para uma produção de 135 milhões de toneladas, diferença de 20 milhões de toneladas.
A próxima divulgação da safra da Conab será dia 8 de fevereiro. Para o presidente da Aprosoja-MT, uma das formas de o governo ajudar o sojicultor a superar essa crise seria a alteração da metodologia de pesquisa da Conab, trazendo números que refletem melhor a realidade do campo para o mercado de commodities.
Lucas calcula que um eventual aumento na cotação da soja, na casa dos R$ 10 por saca, considerando uma produtividade de 50 sacas por hectare, injetaria R$ 22 bilhões a mais na economia brasileira. Já no cenário mato-grossense, o aumento seria de mais de R$ 6 bilhões, gerando mais movimento na economia e na geração de empregos.
“ Nos preocupamos muito a metodologia que a Conab tem usado para fazer esses levantamentos, já que o agricultor, que é quem melhor conhece a sua lavoura, não concorda com esses números. O que o governo pode fazer agora para iniciar ajudar o produtor é buscar uma nova metodologia, realinhar esses números com a realidade das tarefas, para que possa trazer justiça e preços consistentes ”, destaca.
Nesta semana, a entidade inicia mais uma rodada de pesquisa junto com seus associados para levantar dados mais precisos da safra de soja em Mato Grosso.
COTAÇÃO EM QUEDA
Desde o início do plantio da soja em Mato Grosso, a cotação da soja caiu 18%, apontam os números do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em 15 de setembro de 2023, a soja disponível em Sorriso, maior produtora da oleaginosa no país, estava cotada em R$ 119, mas veio depreciando até chegar em R$ 97,50, na última sexta-feira (26.01).
Esse valor é insuficiente até mesmo para cobrir seus custos de produção, o que deve fazer com que os agricultores de Mato Grosso enfrentem muitas dificuldades na safra. Na semana passada, a Aprosoja-MT também invejou um ofício ao Mapa, com sugestões de medidas para amenizar a crise.