Suspeitos de duplo homicídio em Peixoto de Azevedo mãe e filho se entregam à polícia
Ex-bicheiro deverá enfrentar júri por assassinato em Cuiabá após 13 anos
João Arcanjo Ribeiro é acusado de mandar matar Rivelino Jacques Brunini.
O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, atualmente preso no Presídio Federal de Segurança Máxima de Porto Velho, em Rondônia, deverá enfrentar no final de julho seu segundo tribunal do júri pela acusação de ter atuado como mandante de execuções em Cuiabá. Desta vez, o julgamento será pela morte de Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy, no ano de 2002. A determinação do julgamento foi decidida na última terça-feira (16) pela juíza Mônica Catarina Perri, da 1ª Vara Criminal da capital. A defesa de Arcanjo ainda não se pronunciou a respeito do julgamento.
Além de Arcanjo, também são réus na ação penal Júlio Bachs Mayada e Célio Alves de Souza. E, além de Brunini e Jaudy, o crime julgado também teve como vítimas José Jesus de Freitas e Gisleno Fernandes (tentativa de homicídio). A sentença de pronúncia (na qual o magistrado determina que os réus por crimes contra a vida sejam submetidos ao julgamento popular) já havia sido proferida em 2010, mas só agora a Justiça determinou a realização do júri dos três réus, marcado para o dia 30 de julho, às 8h, no Fórum da Capital.
Conforme a acusação do Ministério Público, o crime ocorreu na tarde do dia 6 de junho de 2002 emCuiabá e tinha como alvo o empresário Rivelino Jacques Brunini. Ele estava em uma oficina mecânica na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA) por volta das 15h acompanhado de Gisleno Fernandes e Fauze Rachid Jaudy quando foi surpreendido por Hércules de Araújo Agostinho, acusado de prestar serviços de pistolagem para Arcanjo.
Em uma motocicleta, Agostinho se aproximou e disparou contra Brunini e contra os dois que o acompanhavam. Brunini morreu na hora, atingido por sete disparos. Atingido uma vez, Fauze também morreu em decorrência do ferimento. Por sua vez, mesmo atingido, Gisleno Fernandes sobreviveu.
Para fugir, Hércules – que já confessou o crime à Justiça - contou com cobertura de Célio Alves de Souza, Júlio Bachs Mayada e Frederico Carlos Lepesteur. Os envolvidos na execução que não serão submetidos ao tribunal do júri em 30 de julho são acusados em outras ações penais na Justiça.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Arcanjo explorava o ramo das máquinas caça-níqueis no estado indiretamente, por meio de concessões. Brunini participava do esquema subordinado a Arcanjo e, conforme as investigações, tornou-se alvo dele após realizar operações não autorizadas em Mato Grosso, como a implantação de novas máquinas caça-níqueis e a associação a um outro grupo do ramo, sediado no Rio de Janeiro e que pretendia dar fim ao monopólio de Arcanjo na área.
Para controlar as ações do subordinado, Arcanjo determinou que José Jesus de Freitas (que era sargento da Polícia Militar) assumisse a socieadade da empresa de Brunini. Na sociedade, entretanto, ambos passaram a se desentender, bem como a contrariar os interesses de Arcanjo, uma vez que Freitas também passou a agir em conformidade com o grupo de caça-níqueis do Rio de Janeiro. Freitas foi morto em uma emboscada em abril de 2002 ao chegar em sua casa no bairro Santa Rosa, em Cuiabá.
“Tendo em vista que Rivelino Jacques Brunini e José Jesus de Freitas passaram a afrontar os interesses da organização criminosa deste estado ao se associarem ao grupo do Rio de Janeiro e implantarem caça-níqueis sem autorização, Júlio Bachs Mayada e Frederico Carlos Lepesteur arquitetaram, a mando de João Arcanjo Ribeiro, suas execuções”, diz a sentença de pronúncia dos réus. Os contratados para a execução foram Hércules e seus comparsas - entre eles, Célio Alves.
A reportagem procurou o advogado de defesa de Arcanjo, Zaid Arbid, e seu assessor informou por telefone que, por enquanto, ele não poderia se manifestar a respeito do julgamento marcado para 30 de julho ou sobre a linha de defesa a ser adotada perante o júri.
Em 2013 Arcanjo foi submetido ao júri popular por ter atuado como mandante da execução do empresário Sávio Brandão, também em 2002. Ele foi condenado a 19 anos de prisão.