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Ex-bicheiro Arcanjo é condenado a 44 anos de prisão pela morte de empresário
Júri popular de João Arcanjo Ribeiro durou quase dois dias, em Cuiabá.
Depois de quase dois dias de julgamento, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro foi condenado na tarde desta sexta-feira (11), a 44 anos e dois meses de prisão em regime fechado pela morte do empresário Rivelino Jacques Brunini, que integrava uma rede de caça-níqueis no estado, e de Fauze Rachid Jaudy, em junho de 2002. O julgamento teve início na manhã desta quinta-feira (10). Arcanjo e Brunini seriam sócios nesse esquema de máquinas caça-níqueis, o que a defesa do réu alegou durante todo o júri.
No julgamento, seis pessoas prestaram depoimento, sendo que o mais longo foi o da irmã de Brunini, Raquel Spadoni Jacques Brunini. Emocionada, ela chorou perante a juíza Mônica Catarina Perri, que conduziu o julgamento, e disse não restar dúvidas de que João Arcanjo mandou matar o empresário após um suposto conflito por causa da exploração de máquinas caça-níqueis em Mato Grosso na década passada.
Raquel disse que a vida da família ficou destruída depois do assassinato. "No dia do assassinato, as crianças para a casa da avó. Tivemos que sair de Mato Grosso. Fomos ameaçados por telefone. Igual filme de terror. Fomos embora e até hoje vivo fora do país. Passaram 12 anos e até agora ninguém trouxe meu irmão de volta. Tudo por causa do desgraçado desse homem", declarou, durante o júri.
Na sustentação oral, o promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Vinícius Gahyva, disse ter absoluta certeza de que Arcanjo é o mandante do crime e citou as confissões dos ex-pistoleiros de Célio Alves e Hércules Agostinho, já condenados pelo duplo homicídio. Hércules foi quem efetuou os disparos que atingiram e mataram o empresário e Célio teria dado cobertura ao crime.
Argumentou que os jurados não poderiam esperar que fosse apresentado um contrato de crimes de pistolagem. "O crime organizado funciona por intermediários, nesse caso com pessoas como o coronel Lepesteur e o sargento Jesus", disse, numa referência ao coronel Frederico Carlos Lepesteur, preso durante a Operação 'Arca de Noé', deflagrada para prender João Arcanjo, e ao sargento da Polícia Militar, José Jesus de Freitas, assassinado em abril de 2002. Lepesteur prestava serviços ao ex-bicheiro, segundo o MPE.
Aval dos poderes'
Para o MPE, o crime organizado liderado por Arcanjo só prosperou porque conseguiu cooptar agentes públicos ligados ao Executivo e Legislativo. “Não há crime organizado sem a cooptação deles”, afirmou, destacando ainda que Arcanjo exercia total influência e contava com o apoio de todos os poderes.
Segundo júri
Esse é o segundo júri popular que Arcanjo enfrenta. O primeiro foi em 2013 pela morte de Domingos Sávio Brandão, quando ele foi condenado a 19 anos de prisão. Ele está preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Porto Velho (RO).