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Doleiro que delatou JBS é ouvido a portas fechadas na Assembleia
Medida foi vista como manobra para evitar exposição de empresários e políticos de Mato Grosso
O doleiro Lúcio Funaro – considerado um dos maiores delatores de esquemas da JBS – está neste momento na Assembleia Legislativa para ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Renúncia e Sonegação Fiscal.
A sessão, que estava prevista para ter início às 14 horas e que tradicionalmente é realizada de forma aberta e com transmissão da TV Assembleia, teve uma reviravolta.
O deputado Dilmar Dal Bosco (DEM) apresentou um requerimento – subscrito pelos colegas Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), e Janaína Riva (MDB) – para que a testemunha fosse ouvida a portas fechadas. Uma das alegações seria a necessidade de dar "segurança jurídica" aos trabalhos da CPI, já que a delação de Funaro ao MPF está em sigilo.
O presidente da CPI, deputado Wilson Santos (PSDB), chegou a questionar Funaro se ele teria alguma objeção em dar seu depoimento de forma aberta.
Ele disse que não, alegando “não ter nada a temer”. Ainda assim, o requerimento precisou ser colocado em votação pelos membros da CPI. E, por 3 votos a 1, a sessão foi encerrada e a testemunha levada para outra sala, onde será ouvida de forma secreta.
Nos bastidores, o requerimento foi visto como uma manobra para evitar que sejam expostos dados que possam comprometer empresários e políticos do Estado.
Criticou depoimento “às escuras”
Assim que aprovado o requerimento para que a sessão passasse a ocorrer a portas fechadas, o doleiro Lucio Funaro falou rapidamente à imprensa e criticou a atitude dos parlamentares.
“Acredito que não é uma atitude para ser tomada num estado democrático de direito. Todas as CPIs têm sido abertas, dando conhecimento à nação ao que está acontecendo em todo o País”, lamentou.
“Não tenho nenhum fato a omitir. Nada a esconder, estou firme em meu propósito de colaboração. Vou continuar colaborando com os órgãos, seja o Judiciário, Legislativo ou do Executivo”.
“Poupou Fernando Mendonça”
O depoimento de Lucio Funaro à CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal foi aprovado após declarações dadas por ele à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara Federal, em Brasília.
Na ocasião, o doleiro afirmou que o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS, poupou seu primo Fernando Mendonça, de Mato Grosso, em sua delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Conforme Funaro, Mendonça atuava como operador de Joesley em fraudes contra a ordem tributária no Estado. Mendonça tem empresa do ramo atacadista em Várzea Grande e atuou na campanha do ex-governador Pedro Taques (PSDB), quando este disputou o Senado em 2010 pelo PDT.
O doleiro, no entanto, não deu mais detalhes sobre a suposta atuação de Mendonça em favor de Batista em Mato Grosso.